
RAW FOREST
Alter-ego de Margarida Magalhães, o nome Raw Forest vem, desde há uma boa meia-dúzia de anos, fazendo aparições esporádicas mas sempre surpreendentemente afirmativas pelos microcosmos da música experimental em Portugal. Surpreendentes porque, se no papel, as referências sónicas elementares passariam pelos vértices de um universo assente em eixos que diversamente se podem considerar afins à música ambient (com Brian Eno e Eliane Radigue à cabeça, mas também Laurie Anderson ou as peças menos aparentemente rítmicas de um Steve Reich ou Philip Glass), a imersividade total sentida num concerto seu parece conter em si toda a Música – como se, em três quartos de hora, não conseguíssemos conceber outra forma de fazer ou de ouvir.
A afirmatividade é, na música de Raw Forest, uma aparição totalitária benigna e positiva onde não há antecedência ou genealogia – um presente eterno nos confins da sua duração, que por isso parece sempre fugaz – e que, quando termina, nos faz julgar por um instante ter-se desligado a luz do Universo. Música que merece, portanto, o epíteto de Eterna.
Margarida Magalhães – eletrónicas
19 FEVEREIRO – ST. GEORGE CHURCH – 17H00
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